BEABÁ DA BESSARÁBIA À BAHIA — Histórias e Receitas
de Sulamita Tabacof
Projeto gráfico, direção de arte e produção gráfica: Veruscka Girio (Astronauta Mecanico)
“Quando me mudei para Salvador, em 1960 (ano em que eu ia completar 18), encontrei no Colégio Estadual Severino Vieira um grupo de professores que iluminaram muitos dos caminhos que, depois, pude trilhar. Sulamita Tabacof — cujo prenome ela mesma me ensinou que, em sua forma original, pronunciava-se Shulâmit, me marcou muito. Devo a ela a revelação da presença do povo judeu na sociedade moderna (em minha cidade natal, Santo Amaro, não havia judeus e a denominação só se ouvia quando, falando-se da Paixão de Cristo, acusava-se-os de terem torturado e matado Jesus). Fiquei fascinado pelo tema. Sulamita também me enriqueceu a consciência sobre o projeto comunista, de que eu já tinha conhecimento, dado o interesse de meu pai — assim como de familiares e amigos — e me levou a ler o romance Spartacus. Em pouco tempo eu estava lendo as
Reflexões Sobre a Questão Judaica, de Sartre. Eu morava no bairro de Nazaré, onde a maioria dos judeus baianos também moravam — minha casa ficava próxima ao edifício Yafa, cujo nome eu nem imaginava que viesse de Israel. Sulamita me revelou o sentido de tudo isso. Agora, quando poderes oficiais ofendem os professores e a Educação, lembrar Sulamita é acender um raio de luz dentro de mim.”
Caetano Veloso
Texto extraído da contracapa
A Editora Corrupio está celebrando 40 anos de existência! Temos muito o que festejar, afinal é uma proeza manter viva uma casa de edição no Nordeste do Brasil. Sua marca são as publicações sobre culturas negras e esse segmento editorial, em pleno 1979, era absolutamente incomum e assim permaneceu por muito tempo. Por isso, nosso catálogo tornou-se uma referência, com títulos clássicos sobre cultura afro-brasileira.
Agora, apresentamos aos nossos leitores, o Beabá da Bessarábia à Bahia — Histórias e Receitas, de Sulamita Tabacof. Conduzido pelas memórias afetivas da culinária baiana e judaica da autora, reconhecemos uma Salvador híbrida, matizada por mundos culturais diversos que se encontram em mesclas gastronômicas originais e deliciosas. Um amplo banquete que Sulamita nos oferece do alto dos seus 89 anos.
O processo de criação dessa obra foi singular. A equipe da Corrupio e a família Tabacof trabalharam entrelaçadas, completamente envolvidas tanto nas questões editoriais quanto culinárias. Discutimos, escolhemos e experimentamos tudo: textos, imagens e sabores. É uma obra recheada de afeto, intimidade e sabedoria que temos imenso prazer em compartilhar.
Mazal Tov — Axé
Editora Corrupio
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Editora Corrupio
Formato fechado: 25x25cm
128 páginas
Papel: Pólen Bold (Suzano)
Impressão: Pancrom
Apresentação e edição de texto: Paloma Jorge Amado
Texto contracapa: Caetano Veloso
Curadoria: Débora Tabacof, Diana Tabacof e Heidi Tabacof
Pesquisa, direção de arte e produção de arte/culinária baiana: Anya Teixeira
Pesquisa iconográfica Salvador e direção de fotografia/culinária judaica: Cairé Brasil Tonelli
Fotografias: Gabriel Villas-Bôas
Fotografias (páginas 36, 37, 45, 52, 53, 80 e 81): Arlete Soares
Equipe cozinha
Direção: Sulamita Tabacof
Styling culinária judaica: Diana Tabacof
Cozinheiras: Arlene Araújo Marques e Diana Ribeiro
São Paulo, 2019